Desde que o Facebook tomou a iniciativa de se tornar um sistema aberto eu comecei a ficar com uma pulga atrás da orelha, tentando imaginar qual seria o futuro das redes sociais na Internet.
Faz algumas semanas que eu estava querendo escrever sobre uma “viagem” minha… a de que estamos chegando numa terceira onda das redes sociais.
A primeira foi a explosão das redes sociais, a descoberta da sua utilidade e o nascimento dos grandes representantes “locais” (Facebook e MySpace nos EUA, Orkut no Brasil e Índia, Beebo em alguns países europeus, etc).
A segunda onda foi o nascimento de redes “nichadas”. Redes sociais para networking profissional (ex: LinkedIn), para fãs de futebol (ex: Joga.com), para fotógrafos (ex: Flickr), viciados em música (ex: iLike e Last.FM) etc…
E agora eu acho que a terceira onda está se formando. Ela será caracterizada, não pelo surgimento de novas redes sociais construídas do zero – individuais, ilhadas, isoladas no seu próprio nicho – mas pela criação de “acessórios” para as grandes redes sociais já existentes. Alguns pontos me levam a pensar dessa maneira:
- As pessoas estão de saco cheio de criar novas contas em mil e uma redes sociais…
- Quanto mais redes surgem mais a informação fica dispersa e difícil de ser absorvida pelos usuários
- Tempo é um recurso escasso, e por isso eu não consigo acompanhar muitas redes sociais ao mesmo tempo
- Um desenvolvedor não precisa mais construir uma rede social do zero porque ele pode aproveitar uma que já tem milhões de usuários
Com a abertura dos grandes players (Facebook já fez… MySpace e Orkut já disseram que seguirão a tendência) eu acho que não fará mais sentido você tentar construir uma rede social do zero. Não é que desconsidero a importância dos nichos, eles sempre existirão, mas eu imagino que agora eles existirão DENTRO das redes sociais já estabelecidas.
Com a abertura do código destas redes ficará mais fácil desenvolver aplicativos que permitam, a uma única rede social, oferecer diversas utilidades para os seus usuários. Elas também têm oferecido, cada vez mais, a possibilidade do usuário limitar as informações visíveis para determinados tipos de usuários (quero que empresas vejam meu currículo mas que não vejam minhas fotos, por exemplo). O Facebook pode, então, ser a minha rede social, que me oferece contatos profissionais, contatos para xavecos e para ferramentas para reunir meus amigos de boteco.
Isso tem ficado bastante claro conforme surgem aplicativos que possuem mais usuários dentro do Facebook do que fora, com a sua própria rede social (ex: iLike).
Portanto, se hoje eu fosse criar um serviço que se beneficiasse (ou dependesse) do surgimento de uma rede social eu partiria para o desenvolvimento de aplicativos dentro destas redes sociais já existentes.
Aproveitando pra fazer jabá (e cutucar a concorrência… 🙂 rs) eu dou o exemplo do Zandu. Não vejo a necessidade de criar uma nova rede social para permitir a compra em grupos, basta criar um aplicativo que fosse integrado ao Facebook, Orkut e MySpace para operacionalizar essas compras em grupo. As pessoas usufruiriam a rede social que já possuem (todos os seus contatos do Orkut, por exemplo), sem forçá-las a ter que começar tudo do zero. Lógico que o site próprio do Zandu ainda existirá… mas a sua faceta “social” estaria fora deste site.
Outro exemplo (que já acontece) é o do “Peer-to-peer Lending” (depois escrevo mais sobre isso, acho MUITO bacana). O Prosper e o Zopa criaram redes sociais “do zero” para possibilitar o empréstimo de dinheiro entre pessoas (conhecidas ou desconhecidas). Eis que surge o LendingClub, que criou um aplicativo para Facebook que permite realizar as mesmas transações. Vantagem operacional? LendingClub tem acesso à uma rede social com mais de 34 milhões de usuários enquanto o Prosper e o Zopa precisam construir a sua rede do zero.
Uma ressalva que faço é que esse mundo de “Aplicativos” ainda está nascendo, então talvez hoje seja difícil deixar uma ferramenta do “seu jeito”, com a segurança que você deseja, com todas as funcionalidades de que você precisa… mas, para conceitos mais simples (como o do Zandu) já faz mais sentido desenvolver nestas plataformas do que tentar reinventar a roda.
Para as empresas que hoje utilizam o conceito de redes sociais eu acho que hora de sentar e avaliar como isso impactará os seus negócios. Se elas não se transformarem alguém fará por elas e tomará o seu espaço.
Bom, essa é uma visão do futuro. Nem tudo está tão claro, mas nesses momentos de divergência e incerteza é possível conquistar uma vantagem competitiva sobre concorrentes e criar serviços inovadores.
Lógico que esse é o MEU ponto de vista, a minha aposta… alguém concorda/discorda? Ela pode mudar, desde que me convençam do contrário! 😉